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Patriarcado Ecumênico
 
 
 

 

A História e o esplendor de 
«AGHIA SOPHIA»

ntiga capital do Império do mesmo nome constituído pela parte oriental do Império Romano, Bizâncio foi, em 330, rebatizada pelo imperador Constantino, transformando-se, sob o nome de Constantinopla (Constantinópolis), no centro da Igreja Oriental greco-ortodoxa. O esplendor da cidade enriquecida pela sua posição geográfica no ponto de cruzamento das importantes vias comerciais, manifestou-se principalmente no século VI, durante o reinado do imperador Justiniano, o Grande. Foi graças a ele que diversas igrejas foram erguidas na cidade, destacando-se entre elas a de Santa Sofia, construída em 532 para servir de sede ao Patriarcado.

O substantivo SOPHIA significa em grego, sabedoria. Dado esse nome à igreja, esta tornou-se simbolicamente, a depositária da santificada sapiência e transformou-se no centro da vida eclesiástica da Igreja Oriental. Destruída parcialmente em 558 por um terremoto, foi aperfeiçoada e enriquecida pelo arquiteto Isidoro, o Jovem.

Nenhum edifício bizantino posterior ultrapassou Santa em maturidade de ordenação da estrutura interna. A vasta nave central, coroada por enorme cúpula e ladeada por duas semi-cúpulas, produziu notáveis efeitos acústicos, tão a gosto da suntuosa liturgia grego-ortodoxa. A influência dessa igreja seria sentida até no Ocidente; inspiraram­ se nela os arquitetos da basílica de São Marcos em Veneza, da igreja de São Vital de Ravena e até da catedral de Aquisgrano, na Alemanha. 

O santuário de Santa foi separado da nave por uma fina parede, dentro da qual a porta central, chamada Porta Santa, e localizada defronte do altar, aprofundava o ambiente de mistério que caracteriza a liturgia local.

No interior da igreja, outrora rico em mosaicos ocultos sob o reboco em época turca, e hoje em parte redescobertos, encontram-se numerosos exemplares de esculturas entalhadas, de capitéis rendilhados e de preciosos mármores policromos. Transformada Santa em mesquita, após a queda de Constantinopla, foram acrescidos a ela diversos minaretes que, justapostos às imponentes moles, modificaram a primitiva estrutura externa, enquanto o aspecto interno foi alterado cobrindo-se os elementos decorativos cristãos. 

A queda do Império Otomano e a tomada do poder na Turquia pelo governo de Kemal Ataturk, conduziram à transformação, da então mesquita, num museu bizantino. Este mantém as características externas bizantino-cristãs conjugadas com as ulteriores adições muçulmanas; ao seu interior, porém, devolveram-se as primitivas características bizantinas, graças à remoção das camadas que as cobriam.

«AGHIA SOPHIA»: A mais bela igreja bizantina

arquitetura bizantina emerge com as qualidades de um grande estilo - a conjugação de estrutura e da decoração. Mas o que sucede ao outro elemento da arquitetura, a função? Para quê tudo isto? As igrejas não são menos funcionais do que os laboratórios; ocorrem determinados acontecimentos no seu interior, em função dos quais têm de ser projetadas. A liturgia bizantina e a planta das suas igrejas constituíam também - tal como a estrutura e a decoração - uma unidade integrada. Este aspecto foi discutido; diz-se que a planta altamente centrada - como em Ravena ou em Hagia Sophia - proporcionava uma área central, por baixo da cúpula, mas que o altar era relegado para segundo plano, ficando numa pequena abside. Esta afirmação, porém, deturpa a liturgia bizantina, confundindo-a com a liturgia ocidental ou romana, onde o clímax, a elevação do sacramento, tem lugar no extremo da longa perspectiva da nave central, no altar-mor. Todavia, este clímax não era o momento supremo da cerimônia bizantina.

O espaço por baixo da cúpula de Hagia Sophia, em Constantinopla, sem interrupção de degraus ou colunas, tem cerca de 76 m de comprimento por 30,5 m de largura. Bastante acima, nos mosaicos, os santos e o Cristo Pantokrátor brilham na penumbra. O povo aglomera-se nas naves laterais e nas galerias. O pavimento de mármore da vasta área central fica vazio. Ouve-se um rumor monótono por detrás das cortinas, na abside distante, onde os sacerdotes procedem aos ritos sacramentais - o Grande Mistério. O patriarca, o clero e os acólitos fazem a sua entrada processional. Minutos mais tarde, a Família Imperial e Divina ocupa também o seu lugar debaixo da cúpula. Na época de Justiniano, no século VI, todo o ritual tinha sido elevado ao estatuto de bailado divino. O pavimento de mármore, anteriormente vazio, enchia-se de mantos incrustados. O momento supremo ocorre quando o patriarca e o imperador trocam o beijo da paz e partilham o cálice. Para este efeito se construiu a cúpula - tinha uma função bastante específica. 

A primeira grande igreja de Hagia Sophia foi mandada construir por Constantino, em 360, mas um incêndio durante as insurreições de 532 destruiu-a completamente. Reconstruída com incrível rapidez, até 537, Justiniano dedicou-a à Sagrada Sabedoria (Hagia Sophia) com as seguintes palavras: "Salomão, venci-te!" (Todavia, convém lembrar que a carcaça de tijolo de um edifício bizantino podia ser terminada e usada muito antes de se ter começado a decoração da superfície com mármore e mosaico). 

Hagia Sophia é um vasto retângulo, que mede aproximadamente 100 m X 70 m, com um nártex, ou pórtico, interior e, primitivamente, um átrio ou pátio anterior. O corpo principal da igreja tem naves circundantes, com pouco mais de 15 m de largura, com abóbadas e galerias. Estas naves laterais estão separadas da área central por colunatas - tendo cada coluna um fuste simples de mármore. Estas naves reduzem a área litúrgica central para 76 metros X 33 m. A cúpula tem 33 m de diâmetro, mas o espaço que cobre estende-se para oriente e ocidente, por meio de grandes semicúpulas adjacentes. Estas, por seu turno, abrem para espaços semicirculares, chamados "exedras". A cúpula principal assenta sobre um quadrado, suportada por quatro pendentes e quatro grandes arcos. Estes quatro arcos transmitem o empuxo para o lado oriental e ocidental mediante as semicúpulas acima descritas, e para o lado norte e sul, mediante quatro grandes contrafortes, cada um com cerca de 18 m por 7,5 m, que emergem exteriormente acima dos telhados, das naves laterais.

Só se consegue perceber a disposição do todo com a ajuda da planta e do diagrama. Têm-no comparado a uma massa de bolas de sabão, saindo umas das outras. As semicúpulas suportam o empuxo da cúpula principal e, por sua vez o empuxo atinge finalmente o solo, a mais de 30 m do primeiro ponto de impacto. É um maravilhoso feito de engenharia. Tudo poderia ter refundado num caos estético, não tivessem as semicúpulas e arcos principais arrancado de uma linha horizontal que ocorre a toda a volta do interior. Abaixo desta linha, todas as paredes eram revestidas de mármore, acima dela só havia mosaicos. Isso conferiu-lhe unidade. 

A grande cúpula - a 56 m do solo - tem na realidade nervuras. Isto é pouco comum nas obras bizantinas, mas possibilita que o empuxo da cúpula se transmita às 40 nervuras e que, entre estas, na base da cúpula se abram 40 pequenas janelas. Este círculo de luz difusa faz reverberar os mosaicos azuis e dourados. Por isso, Procopius afirmou que a cúpula de Procopius estava suspensa do céu por uma corrente.

O objetivo dos arquitetos, Anthemius de Tralles e Isidorus de Mileto, era construir um interior não só impressionante mas também funcional. Os espaços de Hagia Sophia - arena, naves laterais, exedras, conchas, abóbadas e cúpulas - abrem todos para fora e para cima, proporcionando perspectivas, relances que vão mudando; tudo é misterioso e semioculto e, todavia, tudo está revelado. Procopius descreveu as suas contradições: luz e penumbra, espaço e massa, mistério e claridade. As abóbadas pairam, as colunas executam uma dança coral, a cúpula central está suspensa do céu. Procopius descreveu também as cores: os mosaicos, o brilho difuso do mármore cinzento nas paredes, os fustes de mármore esverdeado, azul e amarelo com veios, os relevos riçados dos capitéis, a madrepérola e as luzes douradas suspensas. 

Hagia Sophia foi a conclusão lógica do sistema bizantino - estrutural, decorativa e funcional. Nas outras igrejas de Constantinopla e do império, a função não podia evidentemente, ser a mesma de Hagia Sophia, uma vez que o imperador não aparecia nelas. Mas tornou-se comum o clero ocupar toda a nave central e os fiéis permanecerem nas naves laterais, nas galerias e no nártex. Deste modo, a cúpula central mantinha o mesmo significado litúrgico que na catedral imperial, uma vez que era debaixo dela que ocorria o clímax da eucaristia.

Embora muitas igrejas de Justiniano se assemelhem a Hagia Sophia pelo seu esquema, nenhuma tentou rivalizar em magnificência. 

Em 1935, Hagia Sophia, foi convertida em museu e é agora um dos mais conhecidos da Turquia. Está aberto todos os dias exceto às segundas-feiras

O portão imperial conduz-nos à nave central de Hagia Sophia, o magnífico efeito criado pela enorme cúpula, pelas colunas e arcos de mármore é irresistível. A cúpula tem aproximadamente 55,6 metros de altura por 31,4 metros de largura. Devido às reparações e aos sismos ao longo dos séculos, a cúpula já não é completamente circular. O teto é completamente coberto de mosaicos. A cúpula assenta sobre quatro grandes arcos e estes suportados por quatro pilares. Algum do peso da cúpula é transmitido para semi-cúpulas, na ala norte e ala sul, e para as secções inferiores. 

O interior de Hagia Sophia contém 107 colunas, 40 das quais encontram-se no piso térreo, e as restantes acima, na galeria. Ao longo dos anos foram construídos contrafortes exteriores, contra quase todas as paredes, para minimizar os estragos causados por diversos sismos.

Características gerais do edifício

Hagia Sophia foi construída com base numa basílica. Aparentemente, haveria uma nave central, uma a norte, outra a sul e dois nártexes a oeste.

Só na nave central é possível avistar a cúpula. A galeria foi construída num segundo piso por cima de duas naves laterais e do nártex interior. A distância do portão imperial ao abside (oratório) é de 79,3 metros. O comprimento do edifício é de aproximadamente 100 metros, a largura da nave principal é de 32,3 metros e junto com a das naves laterais obtemos uma largura total de 70 metros. Dessas medidas conclui-se que Hagia Sophia cobre uma área de aproximadamente 7000 metros quadrados, sendo a quarta mais larga, bem como a mais antiga igreja depois de S. Pedro em Roma, a Catedral de Sevilha e a Catedral de Milão. 

Após ter sido utilizada como mesquita por quase 500 anos, depois de 1453, as estruturas islâmicas; tais como os minaretes construídos nos cantos do edifício principal, a fonte (sadirvan), o mausoléu (turbe), e o refeitório (imare), etc. deram a Hagia Sophia um aspecto de mesquita. Conseqüentemente, a arquitetura característica do século VI aparece quase exclusivamente no interior do edifício.

Nartex exterior

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As portas de entrada para Hagia Sophia não estão decoradas com motivos bizantinos antigos. A entrada principal conduz-nos ao nártex exterior, que mede 60,9 metros de comprimento por 6,03 metros de largura e o seu teto está repleto de arcos apoiados em colunas. Na era bizantina o nártex exterior estava reservado para aqueles que ainda não tinham sido batizados. As portas de acesso aos minaretes construídas na era Otomano encontram-se na ala norte e ala sul.

Originalmente existiam sete portas do átrio para o nártex exterior. Atualmente duas dessas portas não são utilizadas e outras duas dão acesso a salas posteriormente construídas. A maior parte dos tesouros arqueológicos exibidos neste local são objetos bizantinos encontrados em diversos locais de Istambul. Entre estes estão placas de argila contendo as decisões do Tratado de 1166. Do nártex exterior existem cinco entradas para o nártex interior. As portas de madeira maciça cobertas de placas de bronze pertencem à era bizantina, descobriu-se recentemente, após restauro, que as três portas do meio haviam sido banhadas a ouro. Estas portas estão decoradas com uma beleza excepcional. As outras duas foram modificadas.

Nartex interior

Os tetos do nártex interior estão cobertos de azulejo, e as paredes de mármore talhado. A abundância de cor, dos floreados e das formas geométricas no azulejo com fundo a ouro proporciona-nos uma magnífica aparência. As características do Justiniano estão melhor preservadas no nártex interior. Os motivos em cruz são usados ao longo do desenho nos mosaicos do teto. Fontes antigas indicam-nos que durante este período não haveria alusão a figuras, contudo na porta imperial são usadas figuras, sendo esta uma importante obra de arte. Depois de descoberto, da cal que o cobria, o seu painel de mosaicos em 1933, este passa a ser alvo de debates entre historiadores sobre a sua idade e identificação.

Este painel apresenta Jesus sentado num magnífico trono, tendo a sua mão direita erguida num gesto de benção, enquanto a sua mão esquerda segura num livro onde se lê: "Que a paz esteja convosco. Eu sou a luz do Mundo". Em redor encontra-se a Virgem Maria e o anjo Gabriel. Jesus é representado como Pantocrator (Rei do Mundo), está vestido com uma túnica branca e é como que comparado a Zeus (Rei dos Deuses). 

As últimas pesquisas revelam que um imperador apresentado perto de Jesus representa Leon VI. No entanto, esta cena não é característica da época bizantina, o imperador implora o perdão de Cristo. O porquê desta cena provém dos três casamentos de Leon VI, situação contrária à doutrina da igreja ortodoxa. Como o imperador não tinha um filho varão ao fim de três casamentos, foi-lhe concedida autorização divina para o seu casamento com a mãe do seu filho legítimo. O seu filho tornou-se o herdeiro legal do trono e famoso pelo seu "livro de cerimônias", no qual descreve as cerimônias religiosas consumadas em Hagia Sophia. O painel é datado de 920, data posterior à morte de Leon VI.

A grande porta no lado norte do nártex interior abre-se para uma galeria superior. A porta no lado sul dá acesso a um vestíbulo que nos leva ao que tem sido a entrada principal do edifício desde o século X. 

Existe nove portas do nártex para os corredores principais. Destas, as três da ala sul eram usadas pelo público, os que procuravam o santuário usavam as da ala norte. Estas têm um desenho simples, mas as três do meio, usadas pelo imperador, têm uma decoração elaborada. A porta imperial é a mais impressionante. As fontes indicam que, originalmente, estas portas eram cobertas de placas de ouro e prata, as quais foram arrancadas pelos Cruzados. Só a título de curiosidade, quando a porta mais larga foi limpa foram encontrados vestígios de ouro. Diz a lenda que esta porta teria sido feita com madeira retirada da Arca de Noé. Nenhuma das portas, atualmente, lá existentes é original. Por cima do portão imperial há um ornamento em bronze que tem sido alvo de muitas lendas interessantes. A gravura nele contida apresenta um trono, um livro aberto e um pombo.

Nave principal

O chão da nave principal é coberto de mármore branco e cinzento. A área quadrada do pavimento perto do púlpito do padre é decorada com placas quadradas e circulares de mármore. Segundo fontes, os imperadores eram aqui coroados no século XIII. O tipo de chão é estranho ao estilo arquitetônico de Hagia Sophia, por isso, deve ser proveniente de outro monumento. 

O púlpito do padre e os pequenos assentos eram postos de maneira a não perturbar o efeito da arquitetura geral. 

As enormes urnas, em ambos os lados do portão imperial, foram trazidas das antigas ruínas de Bergama. Segundo rumores, foram uma oferta do Sultão Murad III a Hagia Sophia.

Nave Sul

O teto da nave sul está coberto de mosaicos dourados do século VI. As abóbadas e os arcos estão decorados com desenhos florais e geométricos multicolor. Os motivos em cruz podem ainda ser vistos através do verniz do qual foram cobertos no século XIX. Painéis decorativos embelezam as abóbadas de mármore. Os dois painéis virados um para o outro, no lado este, estão decorados com golfinhos e com o tridente de Poseidon, os quais eram o brasão de armas na era bizantina. 

Perto destes, no lado sudoeste, existe uma coluna retangular decorada com pinturas. Existiam muitas lendas acerca destas pinturas. As fontes indicam que este pedaço de pedra, originalmente encontrado na igreja de Theotokos em Ayvansaray, só mais tarde foi transformado em coluna. Estas pinturas foram aceites como sendo pintadas à mão pela Virgem Maria. 

A área em frente à biblioteca, entre as colunas e o pilar, era conhecida por "Metatorium". O imperador assistia às cerimônias religiosas daí.

Nave Norte

A decoração das paredes e do teto são idênticas às da nave sul. Os painéis das paredes representam temas diferentes. Perto da porta para o nártex está um pilar retangular, estando a base do qual coberta com uma placa de prata com um buraco. É objeto de várias lendas e é conhecido como "coluna que transpira". Nos tempos bizantinos referiam-se a ela como "coluna milagrosa de S. Gregório". Atrai a maior parte da atenção em Hagia Sophia. 

Os visitantes colocam o dedo no buraco e formulam um desejo, o qual acreditam que se torne realidade se o seu dedo sair úmido. Alguns acreditam que a umidade proveniente do pilar cura doenças dos olhos. Na realidade a pedra, da qual o pilar é feito, absorve umidade com facilidade. O buraco é pura coincidência.

Galeria

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O mais recente trabalho feito para retirar o estuque que cobria os mosaicos, revelaram-nos mosaicos figurativos na galeria. Uma passagem inclinada conduz-nos da galeria superior ao nártex do lado norte. Atualmente, existem passagens dos quatro cantos do edifício para a galeria superior, mas a da ala sudeste foi fechada por um contraforte e por um minarete construído posteriormente.

A igreja tem três galerias, a norte, a sul e a oeste. Documentos históricos indicam que a galeria oeste era a mais importante, visto que era reservada à imperatriz e à sua comitiva. De acordo com as mesmas fontes, a galeria norte era utilizada como gineceu. No centro da galeria oeste, a qual era reservada à família do imperador, existe uma área quadrada cercada por mosaicos do trabalho "opus sectile". 

Uma peça circular de mármore verde pode ver-se a este desta área, a qual era reservada à imperatriz e à sua comitiva para assistir às cerimônias religiosas.

A abóbada da galeria encontra-se, atualmente, desprovida de decoração, mas era, provavelmente, coberta de mosaicos na era bizantina. Assim que se entra na galeria sul, atualmente a mais atrativa, encontramos mármore cortado de forma a assemelhar-se com uma antiga porta de bronze. Pesquisas indicam que só mais tarde foi colocado na igreja. A sua magnificência é fiel ao fato de a área posterior era utilizada com uma função muito importante. Era chamada de "portão para o Inferno e para o Céu" e reservada às reuniões dos Concílios. 

Na parede a este, imediatamente a sul do abside, há um painel que descreve Jesus Cristo, a imperatriz Zoe e o imperador Constantino IX. Jesus Cristo está sentado num trono, segurando o Evangelho com a mão esquerda e erguendo a direita num gesto de benção, tendo à sua direita o imperador oferece-lhe um saco de dinheiro e à sua esquerda a imperatriz segura um pergaminho. Neste mosaico do século XI, o imperador e a imperatriz usam ornamentos cerimoniais. Diz-se que antes de cada um dos três casamentos de Zoe a cara do imperador era reposta.

O mosaico à direita da janela representa a Virgem Maria segurando no menino Jesus, o imperador João II Comnenus (1118-1143), e a sua esposa, a imperatriz Eirene,filha do rei Ladislaus I da Hungria. O retrato do príncipe Alexius está também representado. Tanto o imperador como a sua esposa eram famosos pela sua devoção religiosa e pela caridade. 

Voltando atrás e olhando para oeste, pode ver-se um dos mais magníficos painéis de mosaico da era bizantina: o Deesis. Infelizmente, a secção inferior do mesmo está danificada. Cristo é retratado no centro com S. João à direita, tendo à sua esquerda a Virgem Maria. As expressões das suas faces são muito realistas e apropriadas para o tema de Deesis. Não se sabe a data exata do painel, mas, provavelmente, terá sido pintado na primeira metade do século XII. Este demonstra-nos a mesma técnica utilizada na igreja de Chora.

Na base da parede oposta a Deesis, existe um painel de pedra com o nome Hericus Dandalo inscrito. Dandalo veio para Constantinopla com a Quarta Cruzada, e foi um dos protagonistas dos muitos atos de vandalismo. Diz-se que foi enterrado aqui.

Antes de deixarmos esta secção, os frescos de Fossati no teto da cúpula atraem a nossa atenção. São cópias do século XIX, de motivos de mosaicos antigos. Das ilustrações de Fossati, pode concluir-se que existem mosaicos figurativos debaixo do estuque da abóbada. Resultado do estudo dos últimos anos prova-nos que isto é verdade. As mesmas suposições podem ser feitas acerca das abóbadas da galeria norte. Também aqui os afrescos foram pintados por Fossati no século XIX. Recentemente foi descoberto na galeria norte um painel de mosaico representando o imperador Alexandre. Este reinava juntamente com o seu irmão Leon VI. O fato pelo qual este mosaico estar num canto tão escuro e escondido pode ser uma referência à sua falta de caráter. Nas galerias existem ainda mosaicos, bem preservados, com formas florais abaixo dos arcos, estes tão antigos como a igreja. Nas salas a sul e a oeste da galeria existem também mosaicos descritivos e figurativos do século VI, estes igualmente em bom estado. Durante a era bizantina estas salas eram reservadas aos chefes de igreja.

A Cúpula 

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A cúpula é construída com tijolos de vidro e o seu interior é coberto com mosaicos decorativos brilhantes, desde o topo até à sua base. Documentos indicam que o topo previamente decorado com mosaicos representando Cristo o Pantocrator, atualmente foi substituído por inscrições do Corão, os quais foram criados por Kazasker Izzet Efendi no século XIX. 

As quarenta janelas na base da cúpula são decoradas com mosaicos multicolor. Anjos de quatro asas são representados de pendentes. Os anjos nos pendentes a este são em mosaico, nos pendentes a oeste são afrescos. Visto que o código religioso islâmico é contra as figuras representativas, as faces dos anjos foram cobertas com medalhões em ouro no século XIX, durante a última grande restauração.

Abside

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A semicúpula da abside é completamente coberta de mosaicos. Quando o estuque foi removido em 1935, foi descoberto um painel representando a Virgem Maria com o menino Jesus ao colo. Nesta cena aparecem também dois anjos. O arcanjo Miguel, a norte, está destruído em quase toda a sua totalidade. O arcanjo Gabriel está em pé à direita, com um globo na sua mão esquerda, encontra-se também deteriorado. 

A figura da Virgem Maria encontra-se, ainda, em perfeitas condições, veste um manto verde e está sentada num trono repleto de jóias. O menino Jesus veste um manto dourado, e apresenta uma expressão muito madura na sua face. Este painel data do século IX.

Pouco se conhece acerca da decoração das enormes janelas da abside durante a época bizantina. Os vitrais existentes, atualmente, são de design turco do século XIX. As partes superiores dos arcos ligadas às janelas estão decoradas com pequenos painéis redondos, inscritos com as palavras: "Allah", "Muhammed" e o nome dos Califas. Estas decorações estão em total harmonia com a restante ornamentação arquitetônica. 

Devido à abside não se encontrar orientada para Meca, os arquitetos islâmicos optaram por um virado para sul, desde que Hagia Sophia se tornou mesquita.

Existem inscrições do Corão num friso de telhas azuis, o qual se estende ao longo da abside. 

Os candelabros de bronze existentes em frente ao altar, foram trazidos da Hungria por Kanuni Sultan Suleyman como oferta para Hagia Sophia. Ambos os lados da abside estão cobertas com telhas decorativas turcas. A zona norte foi convertida numa tribuna imperial, sendo-lhe adicionado um chão e decorada com telhas, contém, ainda, um pequeno altar. Era usada pelos sultões até Mahmud II (1808-1833). A ornamentação e arquitetura da abside apresentam características turcas, bizantinas e de arte barroca européia.

Numerosas janelas foram construídas nas paredes, das alas norte e sul, para suavizar o peso da cúpula na parede através dos arcos. As paredes são suportadas por pilares. 

Figuras em azulejo de líderes religiosos com vestes de cerimônia, com os seus nomes abaixo inscritos, decoram os nichos da parede norte. De oeste a este: no primeiro nicho está Santo Inácio, patriarca de Constantinopla; no nicho central, São João Crisóstomo, e no terceiro está Santo Inácio, o Theóforo, patriarca de Antioquia. Todos eles datados do século X.

Paredes

As paredes da nave principal estão cobertas de mármore até à parte superior da galeria. As paredes das naves laterais e do nártex interior estão cobertas com mármore desde o chão até ao teto. 

 
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Estes valiosos mármores de todas as cores e de diferentes regiões do império foram especialmente escolhidos para Hagia Sophia. Diz-se que o mármore branco, proveniente da ilha de Marmara (Proconnenus); o mármore verde, da ilha de Egriboze do Monte Tagetus: o mármore rosa de Synada; o mármore amarelo de África e o vermelho de África do Norte foram trazidos para Constantinopla. O mármore foi cortado de maneira a que os veios ficassem simétricos para criar padrões decorativos para adornar as paredes. Descrições gravadas na pedra em forma de painel encontram-se majoritariamente nas duas naves laterais, embora, alguns encontram-se por cima do portão imperial. Em redor das redondilhas decorativas são representados golfinhos e, acima deles, o tridente de Poseidon. Acima destes dois painéis existe um ornamento em forma de templo.

Por detrás das cortinas, entre as colunas, consegue ver-se uma cruz. Depois da igreja ter sido convertida em mesquita, painéis com inscrições do Corão foram colocados em certos locais do edifício. Até ao século XIII eram pendurados, em pilares, enormes painéis ao nível da galeria. Quando estes se deterioraram, foram substituídos por medalhões de 7,5 metros de diâmetro durante o reinado do Sultão Abdulmecid, e inscritos, pelo famoso caligrafista Kazasker Mustafa Izzet Efendi, com as seguintes palavras: "Allah", "Muhammed" e os nomes do primeiro Califa e dos filhos do Califa Ali.

 
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Numerosas janelas foram construídas nas paredes, das alas norte e sul, para suavizar o peso da cúpula na parede através dos arcos. As paredes são suportadas por pilares.

Figuras em azulejo de líderes religiosos com vestes de cerimônia, com os seus nomes abaixo inscritos, decoram os nichos da parede norte. De oeste a este: no primeiro nicho está St. Ignatius, patriarca de Constantinopla; no nicho central, Sto. Chrysostom, e no terceiro está St. Ignatius Theophorus, patriarca de Antioch. Todos eles datados do século X.

Colunas e capitéis

As colunas, capitéis e os arcos que os ligam são elementos importantes da beleza arquitetônica de Hagia Sophia. Pode dizer-se que as obras primas do século VI respeitantes à gravura encontram-se aqui. Os capitéis das colunas são meticulosamente esculpidos num delicado rendilhado.

 
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Os monogramas de Justiniano e da sua esposa Theodora podem, também, ser vistos nos capitéis das colunas. A gravação nos arcos que ligam às colunas mostram a mesma qualidade de trabalho. A secção inferior dos arcos está decorada com mosaicos, e a superfície exterior está ornamentada em "opus sectile".

 
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As mais importantes, das 107 colunas de Hagia Sophia estão no piso térreo. Algumas delas foram trazidas dos templos antigos e de monumentos de diferentes regiões do império. 

Fontes históricas concordam que foram adquiridas do Templo do Deus Sol em Heliopolis, do Templo de Artemis em Ephesus e de monumentos de Roma e Baalhek. No entanto, as medidas das colunas não coincidem com o tamanho dos templos de onde, supostamente, vieram. É certo que há colunas que foram trazidas de monumentos antigos. Existem também colunas que foram esculpidas especialmente para Hagia Sophia, em Tessaly e na Ilha de Marmara.

Mármore cinzento com veios pretos da Ilha de Marmara foi utilizado para pavimentar o chão. Este foi cortado de maneira a que os veios ficassem alinhados.

Biblioteca 

Um dos edifícios mais bonitos da era Otomano, foi construído durante o reinado do sultão Mahmud I (1739). Está construído entre dois contrafortes. Visto do interior evidencia o estilo arquitetônico geral. A seção principal onde estão os livros guardados e a sala de leitura, são decoradas com as mais famosas telhas turcas antigas. 

Aí podemos encontrar telhas de Iznik, Kutahya, do palácio de Tekfur e até mesmo algumas da Europa. As estantes de madeira gravadas têm uma forma característica, e os objetos pertencentes à biblioteca aí expostos.


BIBLIOGRAFIA:

  • CHÂTELET, ALBERT / GROSLIER, BERNARD PHILIPPE,  História da Arte Larousse - Lisboa 1990.
  • JORDAN, R. FURNEAUX, História da Arquitectura no Ocidente, Camarate 1985.
  • H. W. JANSON, História da Arte, Lisboa 1997.
  • DOGAN GUMUS, Byzantium, Constantinople and Istanbul, Istambul 1995.
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