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O Ícone na Liturgia

Tradução: Pe.Paulo Augusto Tamanini
Comunidade Monástica São João, o Teólogo

imagem ou ícone participa da celebração litúrgica de uma maneira quase co-natural como a leitura ou o canto. O templo oriental clássico está decorado com imagens, em alguns casos, cobrindo quase todo o espaço. Quem entra em uma igreja oriental, deve ter a sensação de que o templo é o Céu na terra, a presença e a comunhão dos santos, a narração atualizada de todos os episódios da história da salvação. Estas Igrejas representam uma verdadeira "Bíblia dos pobres", o fruto de um esforço por encher de beleza o coração do fiel que entra neste templo, para que se sinta no Céu, atraído por uma realidade que o submerge em Deus e na comunhão dos Santos.

É também importante conhecer o que é o iconostase ou o lugar das imagens, uma parede que separa o santuário, onde se celebra a Eucaristia, da nave aonde estão os fiéis. Esta separação, a princípio muito simples, foi aumentando até converter-se em uma parede que distingue os espaços da Igreja. As imagens querem ser como que a transparência do Mistério ou dos Mistérios que se celebram no seu interior, em meio a um ambiente sagrado.

A disposição tradicional de um grande iconostase, como aparece nos clássicos exemplares da tradição eslava, apresenta:

  • No nível inferior, algumas cenas que ilustram as prefigurações da Eucaristia nos sacrifícios do Antigo Testamento.
  • No nível médio, as imagens de Cristo, da Virgem Mãe de Deus e de outros Santos.
  • No plano superior as festas do «Dodecaorton» ou as Doze Grandes Festas do calendário litúrgico bizantino.
  • No outro plano superior, a imagem da «Deeisis» que propõe Cristo, Mestre, Sacerdote e Juiz, no centro entre a Virgem e São João , o Precursor, com Anjos (Miguel e Gabriel), apóstolos (Pedro e Paulo) e outros Santos.
  • Na parte superior, em várias fileiras, os profetas e patriarcas que convergem em direção a imagem da Virgem do Sinal, a Mãe de Deus com Cristo, o Emanuel em seu seio.

Podemos ver agora mais detalhadamente alguns elementos iconográficos do iconostase:

  • Possui três Portas Santas: a Central é aquela pela qual passam somente os sacerdotes e se chama de «Porta Real». A outra, por onde entra e sai o diácono para incensar o templo e entoar as grandes litanias, se chama "Diakonikón". Por esta porta saem os celebrantes nas duas procissões que caracterizam a liturgia bizantina, entrando em seguida pela Porta Real dirigindo-se ao interior do santuário onde se celebra a Eucaristia.
  • A Pequena Entrada com o Evangeliário - porta-Evangelho em metal dourado que traz esculpida a imagem da Crucifixão e, do lado oposto, a Ressurreição - precedendo a Liturgia da Palavra. A Grande Entrada, procissão com os Santos Dons que serão consagrados, do altar da preparação ou prótesis para o altar principal, durante a qual se canta o conhecido e místico «Hino dos Querubins»:

Nós, que misticamente representamos os Querubins
e cantamos o hino trinamente santo, à Trindade Vivicante,
afastemos de nós, neste momento,
todo pensamento mundano,
a fim de acolhermos o Rei do Universo,
invisivelmente escoltado pelo Coros Angélicos.
Aleluia, aleluia, aleluia!

Na Porta Real está o ícone da Anunciação, em grego «Evangelismós», por ser este episódio a «Porta» do Mistério e dos mistérios de Cristo.

Também é costume pintar ou fixar nesta porta o ícone dos quatro Evangelistas, porque é o lugar de onde se proclama solenemente e se prega o Evangelho.

Ao lado da Porta Real se encontram os ícones de Cristo e o da Virgem, diante dos quais o celebrante ou o diácono recita ou canta as intercessões, inclinando-se com devoção e reverência e fazendo repetidas incensações. As vezes no centro, acima da Porta Real, se encontra o ícone da Santa ou Mística Ceia, Mistério que representa a Eucaristia incluída entre as festas do "Dodecaorton", ou das Doze Grandes Festas do ano litúrgico bizantino.

Apresentam-se nesta ordem:

1. Anunciação;

2. Natividade;

3. Batismo ou Teofania;

4. Transfiguração;

5. Ressurreição de Lázaro;

6. Entrada em Jerusalém;

7. Crucifixão;

8. Descida aos infernos ou Ressurreição de Cristo;

9. Ascensão;

10. Pentecostes;

11. Dormição da Santa Mãe de Deus.

Atrás do altar está a Cruz com o Senhor Crucificado, tendo ao lado sua Mãe, a Santíssima Virgem Maria e São João, ambos em atitude contemplativa diante deste grande Mistério.

Na abóbada da Igreja podemos encontrar diversas imagens de grande valor simbólico. As vezes é a do Cristo Pantocrátor, outras a da Virgem Maria, Mãe de Deus , «Platitera Ouranon», literalmente, maior que os céus ou a que contém o Incomensurável, ou o Infinito.

A Virgem leva em seu centro o Menino em seu círculo de glória com a sua mão direita em gesto de bênção e a esquerda portando um rolo de papiro, símbolo da mensagem que anuncia ao mundo. Em alguns lugares, temos a Trindade do Antigo Testamento que é representada pela visita dos três Anjos a Abraão. Estes ícones estão diante da assembléia como imagens simbólicas e exemplares da igreja que tem de ser como Maria, a portadora de Deus, ou como a Trindade, uma perfeita comunhão entre as pessoas.

Na cúpula do templo se pinta com freqüência a imagem do Cristo Rei e Juiz, que do alto parece presidir a assembléia como Cabeça do corpo que é a Igreja, evocando as palavras do Evangelho de Mateus: Onde dois ou mais estão reunidos em meu Nome, ali Eu estarei no meio deles. Mt 18,20.

O ícone do Senhor e o da Mãe de Deus são repetidamente incensados e reverenciados com devoção durante a celebração da Divina Liturgia e dos Ofícios Sagrados, fazendo-se o sinal da cruz diante deles ou recitando uma breve oração apropriada.

Quando uma festa do Senhor ou da Virgem tem seu ícone próprio, é costume colocá-lo no centro e à frente da igreja, bem a vista de todos, sobre um suporte ou átrio, rodeado de flores e com velas acesas.

Aos domingos, o Ícone da Ressurreição é destacado para acentuar que no domingo celebra-se continuamente a Páscoa semanal. O mesmo Ícone está solenemente exposto nas celebrações durante todo o Tempo Pascal.

Na Sexta-feira Santa se faz uma sugestiva procissão com precioso lençol bordado da sepultura do Senhor, o Santo Sudário. Um altar é colocado no centro do templo e os fiéis se aproximam para venerá-lo e beijá-lo, depois de fazer as profundas prostrações rituais, com a cabeça ao solo, levando perfumes e flores. Recorda-se assim as mulheres miróforas, (portadoras de aromas) que foram ao sepulcro para ungir o sagrado Corpo do Senhor.

Algo semelhante se faz também com o ícone da Dormição da Virgem, ou Assunção, no dia de sua festa, 15 de agosto no novo calendário. Como podemos observar, temos aqui uma sugestiva integração da imagem na liturgia que responde as exigências da religiosidade popular, que tem seu cume em algumas celebrações litúrgicas.

 

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