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O Ícone da festa de Todos os Santos

ambiente configurado no ícone identifica o Paraíso.

No canto inferior esquerdo está o santo Patriarca Abraão que sustenta uma alma justa ao peito, o que identifica o lugar como paraíso: o seio de Abraão é o nome dado ao lugar onde as almas dos justos repousam até o Dia do Juízo Final (Lc 16,19-31).

À direita do ícone é o Patriarca Jacó, segurando os "Doze Tribos" em um pano (um véu).

No centro está representado Dimas, o ladrão arrependido, o mesmo que ouviu de Jesus na cruz que "hoje tu estarás comigo no paraíso" (Lc 23,39-43).

Estes números na parte inferior do ícone representam os santos do "Antigo testamento", antes da ressurreição de Cristo.

No centro do ícone vê-se a grande "nuvem de testemunhas" descritas por São Paulo em sua carta aos Hebreus (11,33-12: 2). Os santos estão reunidos em torno de Cristo, que é representado sentado em glória num um arco-íris. Abaixo está o Trono da Proposição (Preparação) com Adão e Eva em gesto de prostração.

A Cruz também está presente (por vezes, aparece sustentada pelos santos Constantino e Helena).

Estas imagens estão todas presentes também no ícone do Juízo Final. Os santos encontram-se reunidos em fileiras de acordo com sua "categoria": mártires, ascetas, santos Padres, Apóstolos e assim por diante. Alguns dos Santos são geralmente reconhecíveis, mas a ideia é sempre que este número é incontável, como lemos no livro do Apocalipse:

"Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus" (Apocalipse 7,9-11).

Os "quatro seres viventes" podem ser vistos em alguns ícones, juntamente com anjos. A semelhança entre a iconografia de Todos os Santos e a visão do Apocalipse é outra referência clara ao Juízo Final. O cristão é lembrado da necessidade de conversão e arrependimento, mesmo em ícones triunfais como este de Todos os Santos.

Frequentemente, nos cantos superiores do ícone são representados os reis Davi e Salomão.

Em torno da multidão de Santos vê-se uma mandorla de luz. Isso mostra a comunhão dos santos: a comunhão uns com os outros e com Deus. Os Santos Padres descrevem como os santos no céu podem ouvir as nossas orações pela graça do Espírito Santo. Alguns mais atuais, como Siluan, o Atonita e Teófano, o Recluso, explicam de maneira clara como o Espírito Santo envolve os Santos, permitindo-lhes, através da sua graça, que intercedam junto de Deus pela multidão dos que lhes dirigem suas orações.

A nuvem de luz em torno dos anjos, dos santos e de Cristo revelam a unidade dos santos com Deus, a profundidade da comunhão e da consciência dos bens compartilhados: a theosis. Alguns ícones de todos os santos mostram uma hierarquia dos santos no céu, o que dá a impressão de um céu como um grande templo celestial onde Cristo reina sobre tudo.

O ícone mais comum de Todos os Santos mostra uma mandorla circular de luz em torno das fileiras dos santos e anjos ao redor do trono de Deus.

Pesquisa: Pe. André Sperandio

 

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