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A Iconografia Bizantina

iconografia bizantina, de acordo com a tradição cristã ortodoxa, desenvolveu-se primeiramente no Oriente. É a forma de arte que se tem usado no cristianismo desde a antiguidade e que se conservou até hoje na Igreja Ortodoxa, como expressão de sua fé.

As paredes e as abóbadas dos templos, assim como as casas dos fiéis são portadores destas obras de arte que anuncia, em linhas e em cores, a verdade eterna revelada nos Evangelhos: a Encarnação do Filho de Deus para a Salvação da humanidade e do Cosmo inteiro.

Assim, podemos entender que o ícone não é arte decorativa. Sua finalidade não é decorar a sala de uma casa, nem simplesmente o de embelezar um templo. É ao contrário, revelar e proclamar a Palavra de Deus, Sua Verdade Divina; ser meio de comunicação entre o crente e Deus.

O ícone é uma unidade artística, espiritual e litúrgica que não pode ser separada da fé, oração e vida da Igreja. Anuncia o Reino aqui e agora e o faz presente. Testemunho da Encarnação, o ícone é pintado conforme às normas iconográficas de tradição milenar, remontando a época apostólica.

A arte iconográfica comporta o anseio de que todo o cosmos seja santificado e transfigurado, tanto o material como o espiritual; com a convicção de que todo ser criado é bom; e que tudo pode ser portador da graça e motor de transfiguração da realidade que o cerca. Cristo ao assumir a matéria, ao assumir um corpo humano, santifica e transfigura toda a matéria. Sua doutrina se relaciona com a crença de que toda Criação há de ser redimida e glorificada.

Existem duas tradições importantes referentes ao início da iconografia que remontam a era dos apóstolos:

  1. É a que «mostra o Caminho» (uma imagem da Mãe de Deus com Jesus Cristo nos braços atribuído às mãos do evangelista São Lucas)
  2. Do ícone «não feito por mãos humanas» (ícone do face de Nosso Senhor Jesus Cristo - (Mandyllion)

Estes dois ícones prototípicos, dão testemunho da encarnação do Filho de Deus na pessoa de Jesus Cristo e também a deificação da humanidade na pessoa da Mãe de Deus.

Teologicamente, o ícone como tal se fundamenta, em primeiro lugar, na Encarnação do Filho de Deus. O Deus invisível se fez visível e habitou entre nós. Nas palavras dos Santos Padres: «Deus se fez homem para que o homem se faça Deus.»

A Igreja anuncia, mediante a sua arte iconográfica, a verdade eterna e divina de que Deus se fez homem e habitou entre nós para a nossa salvação.

Em uma linguagem que equivale a pregação evangélica, o ícone é portador da graça e também de confissão de fé. Tal como a palavra escrita pode revelar Deus, assim também a palavra plasmada em linhas e cores o pode fazer. São Basílio Magno, do século IV, disse que «o que a palavra comunica pelo som, o faz o ícone em silêncio.»

O ícone também dá testemunho do fruto da Encarnação que é a deificação do ser humano, a experiência dos santos. Estas duas idéias se encontram, inclusive, na oração do rito de bênção de um ícone.

«Senhor Deus, Tu criaste o homem à tua imagem, mas a queda a manchou,
mas, pela Encarnação de teu Cristo feito homem, Tu a restauraste
e assim restabeleceste a teus santos a sua primeira dignidade.
Venerando-os, veneramos a tua Imagem e Semelhança
e, através deles Te glorificamos como seu Arquétipo».

A Igreja afirma dogmaticamente a verdade do ícone em função da Encarnação; o ícone, por sua vez, é condicionado pela criação do ser humano à imagem e semelhança de Deus.

O ícone não busca fazer uma representação física da pessoa representada nele. Não é um retrato, mas quer mostrar a vida transfigurada da pessoa, sua vida como chegou a ser iluminada por Deus, com a luz do Tabor, a luz da Transfiguração de Cristo.

É importante recordar que a veneração que se dá ao ícone está dirigida ao protótipo representado nele . São João Damasceno disse:

«Não adoro a matéria , adoro o Criador da matéria,
Aquele que se fez matéria por minha causa,
que quis ter sua morada na matéria
e que através da matéria propiciou minha salvação».

O ícone, linguagem artística da Igreja, participa na vocação do ser humano: santificar e transfigurar o mundo e transformar tudo em um meio de comunhão eterna com Deus e seu Criador.

O seguinte hino tomado da liturgia do Domingo da Ortodoxia, expressa eloqüentemente o significado do ícone:

«O Verbo incomensurável do Pai se fez limitado
quando se encarnou em ti, ó Mãe de Deus
e restituiu à imagem maculada a sua antiga formosura,
restaurando-lhe a beleza divina.
Por isso confessamos a salvação
e a anunciamos em palavra e ação.
Torna-me digno de ser colocado à tua direita!».


Fonte:

www.iglesiaortodoxa.cl

Tradução do espanhol por: Pe. Paulo Augusto Tamanini

 

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