A Iconografia Bizantinaiconografia bizantina, de acordo com a tradição cristã ortodoxa, desenvolveu-se primeiramente no Oriente. É a forma de arte que se tem usado no cristianismo desde a antiguidade e que se conservou até hoje na Igreja Ortodoxa, como expressão de sua fé. As paredes e as abóbadas dos templos, assim como as casas dos fiéis são portadores destas obras de arte que anuncia, em linhas e em cores, a verdade eterna revelada nos Evangelhos: a Encarnação do Filho de Deus para a Salvação da humanidade e do Cosmo inteiro. Assim, podemos entender que o ícone não é arte decorativa. Sua finalidade não é decorar a sala de uma casa, nem simplesmente o de embelezar um templo. É ao contrário, revelar e proclamar a Palavra de Deus, Sua Verdade Divina; ser meio de comunicação entre o crente e Deus. O ícone é uma unidade artística, espiritual e litúrgica que não pode ser separada da fé, oração e vida da Igreja. Anuncia o Reino aqui e agora e o faz presente. Testemunho da Encarnação, o ícone é pintado conforme às normas iconográficas de tradição milenar, remontando a época apostólica. A arte iconográfica comporta o anseio de que todo o cosmos seja santificado e transfigurado, tanto o material como o espiritual; com a convicção de que todo ser criado é bom; e que tudo pode ser portador da graça e motor de transfiguração da realidade que o cerca. Cristo ao assumir a matéria, ao assumir um corpo humano, santifica e transfigura toda a matéria. Sua doutrina se relaciona com a crença de que toda Criação há de ser redimida e glorificada. Existem duas tradições importantes referentes ao início da iconografia que remontam a era dos apóstolos:
Estes dois ícones prototípicos, dão testemunho da encarnação do Filho de Deus na pessoa de Jesus Cristo e também a deificação da humanidade na pessoa da Mãe de Deus. Teologicamente, o ícone como tal se fundamenta, em primeiro lugar, na Encarnação do Filho de Deus. O Deus invisível se fez visível e habitou entre nós. Nas palavras dos Santos Padres: «Deus se fez homem para que o homem se faça Deus.» A Igreja anuncia, mediante a sua arte iconográfica, a verdade eterna e divina de que Deus se fez homem e habitou entre nós para a nossa salvação. Em uma linguagem que equivale a pregação evangélica, o ícone é portador da graça e também de confissão de fé. Tal como a palavra escrita pode revelar Deus, assim também a palavra plasmada em linhas e cores o pode fazer. São Basílio Magno, do século IV, disse que «o que a palavra comunica pelo som, o faz o ícone em silêncio.» O ícone também dá testemunho do fruto da Encarnação que é a deificação do ser humano, a experiência dos santos. Estas duas idéias se encontram, inclusive, na oração do rito de bênção de um ícone. «Senhor Deus,
Tu criaste o homem à tua imagem,
mas a queda a manchou, A Igreja afirma dogmaticamente a verdade do ícone em função da Encarnação; o ícone, por sua vez, é condicionado pela criação do ser humano à imagem e semelhança de Deus. O ícone não busca fazer uma representação física da pessoa representada nele. Não é um retrato, mas quer mostrar a vida transfigurada da pessoa, sua vida como chegou a ser iluminada por Deus, com a luz do Tabor, a luz da Transfiguração de Cristo. É importante recordar que a veneração que se dá ao ícone está dirigida ao protótipo representado nele . São João Damasceno disse: «Não adoro a matéria , adoro o Criador da matéria, O ícone, linguagem artística da Igreja, participa na vocação do ser humano: santificar e transfigurar o mundo e transformar tudo em um meio de comunhão eterna com Deus e seu Criador. O seguinte hino tomado da liturgia do Domingo da Ortodoxia, expressa eloqüentemente o significado do ícone: «O Verbo incomensurável do Pai se fez limitado Fonte: www.iglesiaortodoxa.clTradução do espanhol por: Pe. Paulo Augusto Tamanini
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