DEIFICAÇÃO OU NIRVANA? Por: Hieromonge Diego Daniel Flamini Tradução do espanhol: Hieromonge André Sperandio O arquimandrita Sofrônio, em seu livro «Ver a Deus como Ele é», nos diz o seguinte: Na natureza, nada é repetição absolutamente idêntica. E isto vale, sobretudo, para a realidade dos seres racionais. Cada homem (ser humano) possui um coração especialmente criado por Deus — Ele formou o coração de cada homem e discerne todas as suas obras (Sl 32, 15): é o coração de uma pessoa-hipóstase dada e, enquanto tal, irrepetível. Em sua realização última, cada pessoa receberá, certamente, para sempre, um nome, conhecido apenas por Deus e por quem o recebe (cf. Ap 2, 17). Assim, por mais que a vida de todos os redimidos seja uma, como é uno o reino do Santíssima Trindade (Jo 17, 11; 21-22), o princípio pessoal de cada um de nós será irredutível ao outro». — Precisamos compreender então que, de acordo com a tradição cristã, ao contrário do que pregam diversas correntes pseudo-espirituais sobre a aniquilação da pessoa (do eu), os santos, isto é, aqueles que pela deificação chegaram a ser deuses por participação — mas não por natureza —, preservam uma singularidade irredutível em seu estado de bem-aventurança? Hieromonge Diego: 1. Então, me perguntas se o que Sofrônio fala sobre esta condição de «pessoa irredutível» é assim mesmo, verdadeiramente, na revelação que Deus fez para nós, contrariamente ao que se apresenta nas visões neopagãs de uma aniquiliação do eu. Pois bem, Deus criou o homem (ser humano) à sua imagem e semelhança. Os santos Padres compreeendem a expressão «criado à imagem e semelhança» como criado «pessoa» - imagem, e «semelhança» - conforme Deus. A seelhança, a vida da Graça, perdeu-se pelo pecado, mas foi recuperada por meio de Jesus Cristo. Recuperar a semelhança por Jesus Cristo implica uma restauração também da imagem, conforme a Original, já não mais com a deformidade que tem a imagem, a pessoa humana, consequência do pecado, mas à vontade benevolente, sempre benéfica de Deus que nos criou, e nos criou para participarmos do seu amor. Então, este caminho de volta para o Pai, este regresso para o Pai saídos do nada, criados no ventre de nossa mãe, vai se dando em distintas etapas: primeiro: a adoção que recebemos em Jesus Cristo pelo batismo que nos torna filhos do Pai, moradas do Espírito. Somos também imagem do Filho, do mesmo Filho Unigênito por meio do qual Deus criou todas as coisas. 2. Este caminho não muda jamais; a ação de Deus sempre está dirigida no sentido de que sejamos cada vez mais o que temos de ser, de acordo com o seu plano para cada um de nós, plano este pleno de sua sabedoria; saimos do nada e somos conduzidos por Deus e convidados a participar e a cooperar com a Graça, com nossas potências purificadas de todo pecado. Vamos nos aproximando pelo caminho da santidade, pelo caminho da deificação da theosis e assim fazemos seguindo os passos do Filho, sendo dóceis à ação do Espírito, ou seja, caminhamos para o Pai levados justamente pelo Espírito e pela Verdade. O verdadeiro culto, diz o Senhor, já não será em tal ou qual lugar, mas de um modo novo, isto é, em espírito e verdade, e não podemos separar o verdadeiro culto do caminho da deificação; o caminho que nos torna deuses por participação de nenhum modo nos desvia da centralidade deste culto ao Pai, culto ao Pai a quem conhecemos em Jesus Cristo por meio do Espírito. 3. A deificação, longe de apagar em nós o que somos, longe de assimilar-nos a algo que nos ultrapassa e que nos descria, muito pelo contrário, potencializa e faz crescer em nós as sementes da Graça, da bondade de Deus e seus dons, e desta maneira, faz crescer em nós o que Ele próprio semeou, transformando-nos no que Ele quer que nos tornemos. Alcançamos assim nosso próprio bem e podemos dizer que nossa pessoa volta a se concentrar na vontade de Deus que faz a todos e a cada um distinto no contexto de um plano que ultrapassa nossa mente e que conhecemos como excelente, bom, porque todos os caminhos do Senhor estão distantes de nossa vontade como a terra do céu. Nós nunca deixaremos de ser humanos, mas seremos tranformados na Graça, na medida da vontade de Deus, e somos assimilados a uma ordem superior que não nos destrói, senão, muito pelo contrário, são liberadas a uma escala infinitamente acima de nossas possibilidades as energias divinas que atuam em nós, a Graça de Deus, de modo que vemos, inclusive nós, os que caminhamos sobre esta terra, como é que os santos participam desse mistério redentor; esse mistério redentor que desempenham os santos, cada qual distinto, insubstituível, uno também com o mistério da Trindade divina; eles estão plenamente divinizados e, no entanto, intercedem; adoram o Pai e também são sua morada, o que é uma só coisa. 4. Quando o homem (ser humano) contemporâneo, de alguma maneira, sente-se atraído por esses caminhos de aniquilação, revela, na verdade, seu estado interior, de vazio, de autosaciedade, de autocomplacência, que leva justamente ao desejo de aniquilação. Há uma lei espiritual que faz com que, quando nos erigimos em deuses de nosso próprio mundo, voltem-se contra nós as obras que criamos. O apóstolo Paulo, falando sobre aqueles que evangelizam, diz: «Alguns constroem com ouro, outros com pedras, outros com palha, tudo será provado pelo fogo e alguns salvarão sua vida como aquele que se salva de um incêndio. Cada qual inspecione com o que constrói». Agora, quando o Apóstolo fala de construir, não está obviamente referindo-se a qualquer edificação material, nem mesmo está falando diretamente da construção de uma comunidade de pedras vivas, mas, antes de tudo, está a falar da construção da vida de fé: como o novo homem (ser humano) é edificado em nós. Na Carta ao Colossenses fica bem delineado qual é o caminho do homem que, levado por seus próprios desejos, chega ao ponto de desejar o abismo, o abismo que suprime seu orgulho, o abismo que compense o tremendo fardo de pretender carregar o mundo em suas costas, de querer dirigir tudo, de querer tudo dominar. Um domínio sem Cristo é um domínio contra Cristo. «O que não junta comigo, dispersa», diz o Senhor. De modo que, tal como se concebe a civilização hoje, esta é uma civilização construída contra Cristo, buscando até mesmo suplantá-lo, o que é o verdadeiro significado da palavra Anticristo, isto é, um falso Cristo. Com falsas forças buscamos suprir a fé. Acreditamos que os avanços das ciências médicas tornam a fé inútil, desnecessária; senão, vejamos em que situações costumamos ainda recorrer a Deus: quando perdemos a esperança no médico ou quando nos é comunicado o primeiro diagnóstico. Cada qual que inspecione com o que constrói; com o que constrói quer dizer, com o que está cooperando na obra de Deus, se está sendo dócil à sua vontade, se o é plenamente; se o é apenas de maneira fraca, pois ouve, mas não põe em prática; ou se é abertamente contrário ao mandamento de Deus. 5. Por isso é que devemos inspecionar em nosso coração o que impede que o homem (ser humano) novo seja edificado em nós, aquele que avança incessantemente renovando essa imagem de Cristo, esse homem novo em cujo coração habitam riquezas insondáveis que são derramadas abundantemente sobre nós. Pensemos sobre o mistério escandaloso da fé, da fé verdadeira tal como o Senhor a revelou, que nos diz que Deus se fez homem permanecendo Deus; e o segundo mistério ainda mais escandaloso: que nós, ao sermos transformados (deificados), não deixaremos de ser homens e, mais ainda, que ressuscitaremos no fim dos tempos. Nem mesmo os santos nos céus completaram seu processo, porque também ele devem passar pela ressurreição. é de fé que aqueles que já estão no Céu não ressuscitaram ainda, exceto Nosso Senhor Jesus Cristo, o primeiro que ressurgiu dentre os mortos, e a sua santíssima Mãe. Não há uma clareza de que aqueles que são nomeados como ressuscitados nas aparições após a ressurreição de Cristo — naqueles tempos apareceram muitos homens da antiquidade, muitos profetas célebres de Jerusalém e arredores — não está claramente expresso que tal fosse a ressureição dos mortos, mas que tratava-se justamente de uma aparição como foi a de Lázaro, que é uma reanimação, uma graça de voltar à vida neste mundo por um virtude de Deus, porém não o haver alcançado o estado de bem-aventurança final que, neste caso, alcançou a bem-aventurada Virgem Maria. 6. Ainda sobre a deificação, sobre a força com a qual Deus atua, a vida da Graça move-se então dentro destes parâmetros: Deus se fez homem e completou assim a criação; e atrai a Si o homem para que seja transformado, permanecendo ele mesmo e tornando-se deus por participação. Por isso, é necessário examinar nossas verdadeiras disposições. Em nossos dias, a «Oração de Jesus» tem suscitando muito interesse e reunido muitos adeptos e seguidores; os ícones, igualmente, atraem pessoas de todas as origens despertando também uma grande adesão; existem, inclusive, autores espirituais, Padres da Igreja que são lidos mais em nossos dias do que em qualquer outro momento da história. Busca-se com grande avidez, mas é necessário examinar espiritualmente, não se deixar levar pelo que diz o Profeta Amós: «...enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR. E irão errantes de um mar até outro mar, e do norte até ao oriente; correrão por toda a parte, buscando a palavra do Senhor, mas não a acharão» [1]. Portanto, devemos estar vigilantes para que esta profecia não se cumpra em nós, e que possamos ser admitidos com humildade na Graça de Deus; e ser admitidos com humildade não significa tomar por nossa conta aqueles elementos que achamos úteis ao nosso caminho, mas começar a caminhar efetivamente, ouvir o chamado do Senhor para tomar, cada um de nós, nossa cruz e segui-Lo pelo caminho estreito da vida. Não há uma «auto-pista» que nos leve facilmente a Deus, não há «teleférico», nada nos livrará da fadiga da cruz, seja uma vida muito longa ou muito curta, seja com obras manifestas que resultem da fé, seja com uma fé simples como a do Bom Ladrão, uma fé que foi capaz de abrir-lhe as postas do paraíso, pois esta fé simples de Bom Ladrão é uma luz em nosso caminhar, como aquela fé do publicano no fundo do templo que dizia: «Senhor, tem piedade de mim que sou pecador». 7. Temos que partir do fato de que não somos chamados a suprimir essas coisas simples, senão, repetí-las incessantemente. De fato, antes de nos aproximamos da Eucaristia na Divina Liturgia, dizemos justamente: «Creio, Senhor, e confesso que Tu é verdadeiramente o Cristo, o Filho de Deus vivo, e que vieste ao mundo para salvar os pecadores dos quais eu sou o primeiro». Não posso receber o Corpo de Cristo se não estou convencido de que sou mesmo o primeiro de todos os pecadores; se me aproximo resmungando contra meus irmãos ou se penso que possa ter feito algo que me ponha acima deles. «Na tua ceia mística, recebe-me hoje como participante, pois não revelarei o mistério aos teus inimigos, nem te darei um beijo como Judas, mas como o Bom Ladrão, te confesso: lembra-te de mim, Senhor, em teu Reino!» O clamor dos crentes fiéis se intensifica na medida em que mais se aproximam das alturas; na medida em que nossa penitência, nossa compunção e nosso temor a Deus vão se enfraquecendo, temos a clara certeza de estarmos nos desviando, seguindo-nos a nós mesmos, ou seja, perdidos. E esta clareza é Deus mesmo que nos dá, o Espírito Santo quem nos ensina na Igreja, a qual é santa e de qual nos afastamos quando pecamos. 8. As vezes, quando professamos a fé verdadeira, podemos compadecer-nos ou, alguns até indignar-se com aqueles que praticam uma fé mutilada, deformada. No entanto, nós, quando pecamos, nos tornamos piores do que esses, pois nos afastamos da verdadeira vida, tendo-a já conhecido; temos uma luz mais forte que nos ilumina, e mesmo assim erramos; e então devemos nos voltar com mais humildade. Compreendemos que tudo coopera para o bem dos que amam a Deus, e se o Senhor volta a por em nós esse desejo de amá-lo e de viver segundo seus mandamentos, que é a mesma coisa, aprendemos então a seguir por este cainho da humildade e a ver, inclusive naquelas contrariedades e obstáculos que surgem em nosso caminho, uma palavra do Senhor para a nossa edificação, para fazer-nos crecer, para santificar-nos, despertar em nós o arrependimento e o desejo de ir ao encontro dos que necessitam de nossa ajuda, a prosseguir neste caminho para o Pai que, como todo caminho, ou melhor dizendo, como toda a senda, tem seus perigos, mas nisto temos a ajuda daqueles que nos precederam, aqueles cuja fé é um luminar, um farol que nos ajudam a seguir nesta escuridão crescente em direção ao alto. Se erguemos com fé o nosso olhar, veremos na vida da Igreja muitos luminares que nos precederam na fé e que vão adiante de nós iluminando nossos passos; se não os vemos então é porque, possivelmente, estejamos trilhando um caminho errado, edificado pela nossa própria presunção. Porque a luz de Deus vem ao nosso encontro para nos iluminar e para despertar em nós o arrependimento, não para nos jogar cara ou insultar-nos por nossos pecados, mas para curá-lo; e, falando em santificação e deificação, precisamos também falar sobre a vida de pecado, que é uma morte, um prejuízo, um declínio e uma perda. 9. Muitas vezes, as ideias que temos a respeito do pecado e da Graça são o principal obstáculo para vivermos a vida em Deus. Quantas vezes alguém que esta buscando Deus tropeça com o pecado do outro ou com o pecado que julga ser do outro, ou ainda com o que lhe parece seguro que seja assim, e sente-se afastar de Deus porque, ao julgar e/ou condenar o outro desperta em si a inveja. Cobiçar o pecado do outro é, da maneira mais efetiva, a pena, pois não nos permite reconhecer nossos verdadeiros sentimentos. «Como pode ser que este cometa pecados e que eu deva me resguardar para que estejamos, os dois, numa mesma posição?» Creio que, a respeito desta mesma pessoa, se pensássemos que sofreu um acidente automobilístico não o invejaríamos nem o julgaríamos. Mas, talvez, pensássemos: «Bom, pobre coitado, espero que se restabeleça; quanto a mim, vou rezar por ele». «Que terrível perda! oxalá possa se reabilitar; oxalá esteja preparado para encontrar-se com Deus!» Quando nos sentimos donos de uma determinada situação, sentimo-nos muito compassivos, segundo nossas próprias convicções. Então, quando vemos que o outro peca, deveríamos ter exatamente a mesma disposição; se compreendemos que o pecado é um dano, então não podemos sentir inveja de sua posição equivovada, não podemos querer para nós o que o outro está perdendo. Não pensaríamos assim se tivéssemos misericórdia, e com humildade pediríamos ao Senhor que tivesse piedade de nós também e que não nos deixasse cair, que fôssemos humildes e operantes nas mãos de Deus. 10. Alexei Jomiakov, poeta russo, diz num de seus poemas: «Forte é a mão do que ora». Sim, fortes são as mãos dos que oram, e isso é para nós justamente um indicador de que nossas debilidades muitas vezes não são fruto da natureza que herdamos, mas da natureza que deformamos; que por falta de atenção espiritual, de discernimento, de sobriedade, de vigília do coração ou por falta de humildade deixamos passar todas as oportunidades que Deus nos dá; não por inadvertência, mas por preguiça espiritual, uma profunda preguiça espiritual. Ao desejar a santificação do próximo e não procurá-la para nós, porque a maneira mais efetiva de ajudar o próximo a ser santo é empreendermos, nós mesmos, o caminho de Deus, esse caminho no qual, passo a passo vamos nos despojando daquilo que acreditávamos ser nós mesmos. «Eu sou muito sincero», dizem muitos, quando na realidade falta habitualmente a caridade. Isto não é sinceridade. «Eu sou muito bom» e, talvêz seja mais verdade que prefira a comodidade, que seja complacente comigo mesmo e não busco o bem dos demais. «Sou muito generoso», e talvez não dá senão o que lhe sobra, ou o que se lhe parece ser o que os demais necessitam, ainda que saiba que lhes fará mal. Encontramos ainda os que afirmam: «Eu sou muito humilde», e talvez não tenha verdadeiramente investido nenhum dos talentos que Deus lhe tenha dado, como aquele que fez um buraco e enterrou nele os talentos que Deus lhe deu, dizendo: «Eu sou humilde, não preciso usar os talentos dados por Deus». Por isso, nada melhor que nos colocarmos à caminho e aprender com os Santos Padres, aprender com a fé da Igreja, nutrirmo-nos na Divina Liturgia que é o abrigo da Igreja, é o seio, podemos dizer, o útero de Deus onde somos recriados. Não somente temos fé e vamos prestar culto, mas somos recriados em cada Liturgia na medida de nossa fé pela qual somos levados a Deus. Nossa fé indica que Deus nos «pescou», no melhor dos casos; Deus está em nós e nós estamos em Deus. É uma experiência muito comum, muito habitual, melhor dizendo, na Liturgia experimentamos essa realidade da presença de Deus em nós, pela paz que experimentamos; e Deus está em nosso meio: «O anjo do Senhor monta guarda em torno dos fiéis e os livra», diz o salmista. Acampa em torno, justamente acampa em torno e esses fiéis experimentam uma proteção, uma liberdade para poder dedicar-se ao bem, pois este é o fim da liberdade. A liberdade não é a possibilidade de fazer o mal, mas a capacidade de eleger entre um bem e um bem ainda melhor, de entregarmo-nos sinergicamente à Graça; nossas operações movidas pela Graça de Deus, infundidas pela Graça de Deus, operam como deveriam. 11. A Graça de Deus, de um certo ponto de vista, nos supera muito além do que a nossa mente pode alcançar e, por outro lado, somos quase de natureza divina, fomos criados para viver nela. Se alguém adquire um veículo novo, quer que este veículo ande bem, pois lhe custou muito esforço consegui-lo; está muito feliz com este veículo novo que vai poder leva-lo para lá e para cá, possibilitando visitar pessoas que ama e realizar coisas boas, coisas que dão prazer; irá dedicar-lhe muito cuidado, abastecê-lo com combustível adequado, se seu bolso lhe permitir, vai preferir o melhor combustível, se possível, o que é produzido especialmente para aquele veículo. Ainda que a comparação não seja tão adequada, podemos, no entanto, dizer justamente que fomos criados para viver em Deus, não que Deus seja nosso combustível, não há um «combustível espiritual» porque Deus não é alguma coisa que se use para o que se deseja, nem algo que se absorve e que fica alheio a nós, pois o automóvel não é transformado pelo combustível, mas é simplesmente movido por ele. Nós, ao contrário, por meio da Graça somos transformados em outro ser. Podemos, se quisermos, compará-lo com a água e a planta: a água não perde seu ser e a planta é transformada, ambas realizam seu próprio fim. E Deus vem a nós, e faz de cada planta do seu jardim um ser distinto, e ainda que fossem de uma mesma espécie, uma distinta da outra, de modo que a maturidade de uma não é a maturidade da outra, nem o tempo de florescimento e de produção de frutos, nem a qualidade ou a forma dos frutos, tampouco as mesmas possibilidades; por isso temos de atender que essa água de Deus que vem sobre nós seja também conduzida para o que Deus tem para nós, para que produzamos frutos segundo a nossa espécie. Notas: [1] «Eis que vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR. E irão errantes de um mar até outro mar, e do norte até ao Oriente; correrão por toda a parte, buscando a palavra do Senhor, mas não a acharão. (Amós 8, 11-12] FONTE: TEÓFOROS |
|||||||||||||||