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São Romano, o Melodista (c. 560),
compositor de hinos

Romano, o Melodista, nascido por volta de 490 d.C. em Emesa, Homs, na Síria, e faleceu em 556 em Constantinopla. Foi um teólogo, poeta e compositor e «pertence à grande plêiade de teólogos que transformaram a teologia em poesia», nas palavras de Bento XVI.

«Os pecados, os seus muitos pecados são perdoados»

Hino 21

Quando viu as palavras de Cristo a espalhar-se por toda a parte como aromas, a pecadora começou a detestar o fedor que saía dos seus próprios actos: «Não fiz caso da misericórdia que Cristo tem para comigo, procurando-me quando por minha culpa me perco. Porque é a mim que Ele procura em todo o lado; é por mim que janta em casa do fariseu, Ele que dá alimento ao mundo inteiro. Faz da mesa um altar de sacrifício onde Se oferece, perdoando as dívidas aos devedores, para que estes se aproximem com confiança dizendo: ‘Senhor, salva-me do abismo das minhas más obras.’».

Ali acorreu avidamente e, desprezando as migalhas, agarrou no pão; mais faminta do que a Cananeia (Mc 7,24 ss), saciou a sua alma vazia, com igual fé. Não foi o grito de apelo a chamá-Lo o que a remiu, mas o silêncio, pois disse num soluço: «Senhor, livra-me do abismo das minhas más obras».

Correu até casa do fariseu, precipitando-se na penitência. «Vamos, alma minha, disse, chegou o momento que tanto pedias! Aquele que purifica está aqui, porquê ficares no abismo das tuas más obras? Vou ao Seu encontro, pois foi por mim que Ele veio. Deixo os amigos do passado, porque a Este que hoje aqui está, apaixonadamente O desejo; e como Ele me ama, dou-Lhe o perfume e as lágrimas que trago… O desejo pelo Desejado transfigura-me e eu amo Aquele que me ama da maneira que Ele quer ser amado. Arrependo-me e a Seus pés me rojo, é o que Ele espera; procuro o silêncio e o retiro, é o que Lhe agrada. Rompo com o passado; renuncio ao abismo das minhas más obras.

Maria Madalena, enviada para anunciar a ressurreição

Aquele que perscruta no mais íntimo dos corações (Sl 7,10) sabendo que Maria lhe reconhecerá a voz, chamava a sua ovelha pelo nome, como fazem os pastores (Jo 10,4), dizendo : «Maria !» Ela logo responde : «Sim, é o meu pastor quem me chama, Ele vem à minha procura e quer contar comigo, acrescentando-me às suas noventa e nove ovelhas (Lc 15,4). Vejo atrás d’Ele legiões de santos, exércitos de justos […]. Sei bem quem Ele é, Este que me chama ; tinha-o dito, é o meu Senhor, é Aquele que oferece a ressurreição aos pecadores.

Levada pelo fervor do amor, a jovem mulher quis deter Aquele que completou toda a criação […]. Mas o Criador […] ergueu-a até ao mundo divino, dizendo : «Não me detenhas ; Pensas que sou um simples mortal ? Eu sou Deus, não me detenhas […] Ergue os olhos ao céu e olha o mundo celeste ; é aí que Me deves procurar. Porque eu subo para o meu Pai, que não abandonei. Estive sempre com Ele desde o início dos tempos, partilho o seu trono, recebo as mesmas honras, Eu, que ofereço aos pecadores a ressurreição.

Que de ora em diante a tua língua proclame estas coisas e as explique aos filhos do Reino que esperam que Eu desperte;  Eu sou Aquele que vive. Vai depressa, Maria, reúne os meus discípulos. Serás uma trombeta de som poderoso ; toca um canto de paz aos ouvidos temerosos dos meus amigos escondidos, desperta-os a todos desse seu sono, para que venham ao meu encontro. Diz-lhes : ‘O Esposo acordou, saiu do seu túmulo. Apóstolos, deixai essa tristeza mortal, porque Ele ergueu-Se, Aquele que oferece aos pecadores a ressurreição’»  […]

Maria exclama : «E de repente o meu luto fez-se júbilo, em tudo vi alegria. Não hesito em dizê-lo : recebi glória igual à de Moisés (Ex 33,18s). Vi, ouvi, vi, não no monte mas no sepulcro, velado não pela nuvem, mas por um corpo, o Senhor dos seres incorpóreos e das nuvens, seu  Senhor de ontem, de agora e de todo sempre. Ele disse-me : ‘Maria, apressa-te ! Como pomba queem seu bico leva um raminho de oliveira, vai anunciar a boa nova aos descendentes de Noé (Gn 8,11). Diz-lhes que a morte foi aniquilada e que ressuscitou Aquele que aos pecadores oferece a ressurreição’».

«Os Ninivitas converteram-se em resposta à pregação de Jonas; ora aqui está quem é maior que Jonas»

Hino 51

Abre, Senhor, abre-me a porta da tua misericórdia antes da minha hora de partir (Mt 25,11). Porque eu tenho de partir, de ir até Ti e de me justificar de tudo o que eu digo em palavras, do que faço em acções e dos pensamentos que guardo no meu coração. «Mesmo o rumor das murmurações não escapará ao teu ouvido» (Sb 1,10). David diz-Te no seu salmo: «Os teus olhos viram-me em embrião, no teu livro está tudo escrito« (Sl 138, 13.16). Ao leres nele as marcas das minhas más acções, grava-as na tua cruz, pois é nela que eu me glorifico (Ga 6,14), gritando-Te: «Abre-nos a porta» […]

O espírito endureceu-se-nos a tal ponto que, quando ouvimos falar das calamidades que aconteceram a alguém, em nada nos corrigimos (Lc 13,1s). «Não há quem seja sensato, quem procure a Deus; estamos extraviados, estamos pervertidos» (Sl 13,2-3). Os Ninivitas, naquele tempo, arrependeram-se a um único apelo do profeta. Mas, nós, não compreendemos apelo nem ameaça. Com suas lágrimas, Ezequias pôs em fuga os Assírios suscitando contra eles a justiça do alto (2 Rs 19). Ora eis que os Assírios […] nos puseram cativos, e não chorámos nem gritámos: «Abre-nos a porta».

Divino Senhor, de todos juiz, não esperes que mudemos de atitude; tu não precisas das nossas boas acções, pois cada um de nós se dedica a más acções pelo pensamento e pela vontade. Porque é assim, Salvador, governa os nossos dias segundo a tua vontade, sem esperares a nossa conversão, pois talvez ela não se dê. E, ainda que ela venha a acontecer, será por pouco tempo, não persistirá até ao fim. Como a semente que cai entre as pedras, como a erva nos telhados, ela secará sem chegar a crescer (Mc 4,5 ; Sl 128,6). Estende pois a tua misericórdia sobre nós e todos os que pedem: «Abre-nos a porta».

«Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor!»

Hino 32 | (Lc 19,38)

Sentado no teu trono no céu, aqui em baixo no burrinho, Cristo que és Deus, tu acolhias o louvor dos anjos e o hino das crianças que te cantavam: “Bendito sejas tu, que vens chamar Adão”…

Eis o nosso rei, doce e pacífico, montado num jumentinho, que vem cheio de pressa para sofrer a sua Paixão e para retirar os pecados. O Verbo, montado num animal, quer salvar todos os seres dotados de razão. E podíamos contemplar sobre o dorso de um burrico aquele que conduz os Querubins e que no passado retirou Elias sobre um carro de fogo, aquele que “sendo rico, se fez pobre” voluntariamente (2Co 8,9), aquele que escolhendo a fraqueza dá a força a todos que lhe gritam: “Bendito sejas tu, que vens chamar Adão”…

Tu manifestas a tua força escolhendo a indigência… As vestes dos discípulos eram a marca da indigência, mas proporcional ao teu poder era o hino das crianças e a afluência da multidão que gritava: “Hossana – quer dizer: Salva pois – tu que estás no mais alto dos céus. Salva, Altíssimo, os humildes. Tem piedade de nós, por atenção às nossas palmas, os ramos que se agitam moverão o teu coração, ó tu que vens chamar Adão”…

Ó criatura da minha mão, respondeu o Criador…, vim eu próprio. Não é a Lei que te salvará, pois ela não te criou, nem os profetas, que eram criaturas como tu. Só eu posso libertar-te da tua divida. Eu fui vendido por ti, e eu liberto-te; fui crucificado por causa de ti, e tu escapas à morte. Eu morro, e ensino-te a gritar: “Bendito sejas tu, que vens chamar Adão”.

Amei assim tanto os anjos? Não, és tu, o miserável, que me és querido. Escondi a minha glória e eu, o Rico, fiz-me pobre deliberadamente, porque te amo muito. Por ti, sofri a fome, a sede, a fadiga. Percorri montanhas, ravinas e vales à tua procura, ovelha perdida; tomei a reputação de cordeiro para te trazer de volta, atraído pela minha voz de pastor, e quero dar a minha vida por ti, para te arrancar da garra do lobo. Suporto tudo para que tu grites: “Bendito sejas tu, que vens chamar Adão”.

«Se ao menos tocar nas Suas vestes, ficarei curada»

Hino 23, sobre a hemorroísa

Tal como a hemorroísa, também eu me prostro diante de Ti, Senhor, para que me livres do sofrimento e me concedas o perdão dos meus pecados, a fim de que eu clame a Ti, de coração compungido: “Salvador, salva-me!” […]

Ela aproximou-se de Ti às escondidas, Salvador, porque Te tomava por um simples homem, mas o facto de ter sido curada demonstrou-lhe que eras Deus e homem ao mesmo tempo. Em segredo, tocou na orla do Teu manto, com o temor na alma […], dizendo para consigo: - Como poderei deixar-me ver por Aquele que tudo observa, eu, que trago comigo a vergonha das minhas faltas? Se vir o fluxo de sangue, Aquele que é Todo-puro afastar-Se-á de mim que sou impura e, se Ele se afastar de mim apesar do meu grito – “Salvador, salva-me!” –, tal será mais terrível do que a minha chaga.

Ao ver-me, todos me empurram: “Onde vais? Tem consciência da tua vergonha, mulher, percebe quem és, e de quem pretendes aproximar-te! Tu, a impura, aproximares-te do Todo-puro! Vai purificar-te e, quando tiveres limpado a mancha que trazes contigo, poderás aproximar-te dele gritando: ‘Salvador, salva-me!’”

- Procurais causar-me maior dor que o próprio mal de que padeço? Bem sei que Ele é puro e é precisamente por isso que me dirijo a Ele, para ser libertada do opróbrio e da infâmia. Não me impeçais, pois […], de gritar: “Salvador, salva-me!”

A fonte derrama as suas vagas para todos: com que direito a cerrais? […] Sois testemunhas das curas que Ele praticou. […] Todos os dias nos encoraja dizendo: - Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos e aliviar-vos-ei (Mt 11, 28). Ele gosta de conceder o dom da saúde a todos. Por que me tratais com rudeza, impedindo-me de Lhe gritar: “Salvador, salva-me!”? […]

Aquele que conhece todas as coisas […] volta-se e pergunta aos seus discípulos: “Quem tocou nos meus vestidos?” (Mc 5, 30) […] Por que Me dizes, Pedro, que a multidão me empurra? Eles não tocam a Minha divindade, mas esta mulher, ao tocar a Minha veste invisível, tocou a Minha natureza divina e recuperou a saúde, gritando-Me: “Salvador, salva-me!”

“Tem coragem, mulher. […] Desde agora, ficarás curada. […] Isto não é obra das Minhas mãos, mas da tua fé. Pois muitos tocaram a orla das Minhas vestes sem obter a força, porque não vinham com fé. Tu tocaste-Me cheia de fé e recuperaste a saúde. Foi por isso que te expus diante de todos, para que dissesses: ‘Salvador, salva-me!’”

«Uma espada trespassará a tua alma»

Hino 25, Maria na cruz

Ovelha contemplando o seu cordeiro levado ao matadouro (Is 53, 7), consumida de dor, Maria segue com as outras mulheres, chorando: “Para onde vais, meu filho? Por que percorres assim depressa o teu caminho? (Sl 18, 6) Há outra boda em Caná, e é para lá eu Te diriges tão depressa, para transformar a água em vinho? Posso acompanhar-te, meu Filho, ou será melhor esperar por Ti? Diz-me uma palavra que seja, Tu que és o Verbo, não passes diante de mim em silêncio […], Tu, que és o meu Filho e o meu Deus. […]

“Encaminhas-Te para uma morte injusta e ninguém partilha o Teu sofrimento. Não Te acompanha Pedro, que dizia: ‘Mesmo que tenha de morrer contigo, não Te negarei’ (Mt 26, 35). Abandonou-Te Tomé, que exclamara: ‘Vamos nós também, para morrermos com Ele’ (Jo 11, 16). E os outros, os íntimos, aqueles que hão-de julgar as doze tribos (Mt 19, 28), onde estão eles? Não está cá nenhum; mas Tu, sozinho, meu Filho, Tu morres por todos. É o salário que recebes por teres salvado todos os homens, por os teres servido, meu Filho e meu Deus.”

Voltando-Se para Maria, Aquele que saiu dela exclama: “Por que choras, Mãe? […] Eu, não sofrer, não morrer? Como salvaria Adão? Não habitar o túmulo? Como devolveria então à vida aqueles que moram na mansão dos mortos? Por que choras? Exclama antes: ‘Sofre voluntariamente, o meu Filho e meu Deus.’ Virgem prudente, não te tornes semelhante às insensatas (Mt 25, 1ss.): tu estás no banquete de núpcias, não ajas como se tivesses ficado de fora. […] Não chores, pois, diz antes: ‘Tem piedade de Adão, sê misericordioso com Eva, meu Filho e meu Deus.’

“Descansa, Mãe, serás tu a primeira a ver-me sair do túmulo. Virei mostrar-te de que males resgatei Adão, que suores derramei por ele. Revelarei aos Meus amigos as marcas que trarei nas mãos. Então, verás Eva viva como foi outrora, e exclamarás cheia de alegria: ‘Ele salvou os meus pais, o meu Filho e meu Deus!’”

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Fonte:

Evangelho Cotidiano

 

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