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Algumas observações
sobre o sentido dos Ícones

«Conservo sempre o Senhor à minha frente»

Irmão Roger, de Taizé

cones iluminados dia e noite podem fazer de uma igreja a casa onde Deus nos acolhe sempre. Não são simples decoração. As linhas abaixo pretendem dar algumas referências àqueles que não tiveram ocasião de conhecer a tradição oriental da oração com ícones.

Um local de oração onde se encontrem ícones e onde o olhar seja atraído pelo ícone que representa Cristo reproduz à sua maneira o quadro desenhado por meio de palavras pela epístola aos Hebreus: "Deste modo, cercados como estamos de uma nuvem de testemunhas (...) os olhos fixos em Jesus" (Heb 12,1-2). E um pouco adiante: "Vós aproximaste-vos (...) da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celeste, das miríades de anjos, da assembléia dos primogênitos" (v.22). A oração em comum é uma participação na "assembléia dos primogênitos" do reino de Deus. A beleza das cores, as candeias e os ícones orientam a nossa imaginação facilmente distraída e dispersa para a alegria desta festa.

Uma objeção à presença dos ícones vem do mandamento do Antigo Testamento: "Não farás para ti imagens" (Ex 20.4). Este mandamento proíbe os ídolos esculpidos ou as imagens que pretendem representar Deus. Não se refere à arte em geral, nem tão pouco à arte sacra. No próprio coração do Templo de Jerusalém, dois "querubins" estátuas em ouro representando seres celestes delimitavam um espaço vazio, o local simbólico da presença de Deus que, Ele, não é representável de forma alguma (Ex 25.17-22).

A imagem de Deus, que as mãos humanas não conseguem fazer, foi o próprio Deus que a modelou ao criar o homem "à sua imagem e semelhança" (Gn 1.26-27). E pela vinda de Jesus, realiza-se a promessa contida na Criação da humanidade à imagem de Deus. Cristo disse: "Quem me viu, viu o Pai" (Jo 14.9). Na humanidade, Ele é a imagem perfeita de Deus.

«O ícone é testemunha fiel de que o Verbo se fez semelhante aos homens» (Teodoro de Stoudion, séc. IX). A confirmação da Encarnação é a principal base da tradição dos ícones. "As imagens pintadas estão de acordo com os relatos do Evangelho, são úteis para tornarem mais crível a Encarnação, real e não fictícia, do Verbo de Deus" (70 concílio ecumênico, em 787, em Nicéia). A ressurreição de Cristo não anula a sua humanidade, a sua vida, a sua morte, a sua compaixão. "Vós, perante cujos olhos foi apresentado Jesus Cristo crucificado" (Gal 3.1). O ícone de Cristo lembra que o Ressuscitado conserva, para nós e para sempre, uma face humana. Não de um homem ideal e generalizado, mas do homem concreto Jesus de Nazaré, nascido de Maria, que chorou a morte do seu amigo Lázaro e que foi crucificado sob Pôncio Pilatos. Nesse homem, Deus deixa-se ver.

Ao olhar para os ícones, notamos logo que eles não são realistas. De forma diferente das ilustrações, não se interessam pelo detalhe histórico. Isso será contrário à sua função que é a de tornar a Encarnação mais certa? Não, pois também nesse aspecto estão de acordo com os evangelhos que não são biografias, mas sim testemunhos dados a Cristo: "O Verbo fez-se homem e habitou entre nós e nós vimos a sua glória" (Jo 1.14). Os ícones não mostram Cristo como se fossem uma fotografia que teria podido captar a sua personalidade. Fazem pressentir o segredo da sua vida em Deus, que os três discípulos reconheceram na montanha da transfiguração.

O livro do Apocalipse faz compreender o que caracteriza os ícones. Através de "uma porta aberta no céu" (4.1), João viu o Ressuscitado, os santos testemunhos e todo o universo em adoração. Os afrescos, os ícones, as candeias reproduzem em formas e em cores a visão que ele teve. Um ícone é assim como uma porta ou uma janela aberta para o reino de Deus que há de vir.

A origem do ícone a que, em Taizé, gostamos de chamar "o ícone da amizade" também poderia ser uma visão do Apocalipse. A sua versão escrita é a seguinte: "Ele pôs sobre mim a sua mão direita, dizendo-me 'não temas: Eu sou o Primeiro e o Último, O que vive; conheci a morte, mas eis Me aqui vivo pelos séculos dos séculos'" (Ap 1, 17-18). O ícone, reproduzido nesta página, mostra esta visão. Em conjunto, a Palavra e a imagem, fazem ver aos nossos olhos interiores o que João viu "no Espírito" (cf Ap 1.10; 4.2).

Arranjar no quarto um cantinho para oração, com a Bíblia, um ícone, uma candeia, e lá permanecer todos os dias durante uns momentos, pode ajudar a aproximarmo-nos destas palavras do salmo: "Tenho sempre o Senhor diante dos meus olhos" (16.8)

Uma aspiração secreta

Das profundezas da humanidade sobe uma aspiração secreta. Presos aos ritmos anônimos dos programas e dos horários, muitos dos nossos contemporâneos têm implicitamente o desejo de uma realidade essencial, de uma vida interior.

Nada conduz mais à comunhão com o Deus vivo do que uma oração em comum meditativa, com esse ponto alto da oração que é o cântico, que se prolonga e que continua no silêncio do coração quando já nos encontramos sozinhos. Quando o mistério de Deus se toma perceptível pela beleza simples dos símbolos, quando ele não é sufocado por uma sobrecarga de palavras, então a oração em comum longe de se destilar na monotonia e no tédio traz a alegria do céu à terra.

Para numerosos cristãos ao longo dos séculos algumas palavras retomadas uma e outra vez, até ao infinito, foram um caminho de contemplação. Quando estas palavras se cantam talvez penetrem ainda mais até às profundezas do ser humano.

Para celebrar uma ampla oração em comum bastam algumas pessoas e já o coração se dilata num encontro com Cristo. E a universalidade da comunhão pode deixar-se pressentir quando jovens se juntam, pelo menos uma vez por semana, à oração da comunidade local que reúne todas as gerações, das crianças às pessoas de idade.

A oração é uma força serena que trabalha o ser humano, transformando-o, cultivando-o, não o deixando fechar os olhos face ao mal, às guerras, a tudo o que ameaça os inocentes na terra. Da oração tiram-se forças visando outras lutas, visando transformar a condição humana e tomar a terra habitável.

Quem caminha seguindo a Cristo mantém-se simultaneamente perto dos outros e perto de Deus, não separa oração e solidariedade.

 

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